O segredo de viajar não é para onde se vai; é o que se deixa para trás.
O viajante nunca escapa de si próprio; para onde quer que vá, lá está. Mas já o sair de onde está, isso ajuda-o a habitar-se à ideia da impermanência das coisas.
Como o cavaleiro que para à sombra de uma árvore, goza da frescura, mas depois segue caminho; é assim que devemos encarrar o mundo.
As coisas que temos, entendamos que são passageiras; desfrutemos delas como o cavaleiro desfruta da sombra. Fará sentido guardar uma sombra como um dragão guarda um tesouro? Não – e tudo nesta vida é passageiro como uma sombra.
Quando vais a um sítio, quando aprecias um livro, quando gozas de um momento de paixão: desfruta, enquanto essas coisas duram.
E depois, segue a viajem.
Pintura: “Paisagem ao Crespúsculo” por Aert van der Neer