É, tanto quanto sei, uma frase dita com a intenção de amaldiçoar outra pessoa: “Que tenhas uma vida interessante.”
Mas já não vemos uma “vida interessante” como uma maldição; nos países industrializados, estamos famintos por estímulo. Queremos ser vítimas dessa maldição.
É isso que vejo: que ninguém quer coexistir de forma pacífica; que ninguém escolhe fazer uma interpretação positiva – ou pelo menos, caridosa – de uma palavra ou acção quando há margem para a interpretar da pior forma possível.
Esta sociedade imperfeita – que, ainda assim, é a mais próxima da perfeição que conseguimos alcançar na curta história da nossa espécie – deu-nos tantos estímulos, que perdemos a nossa sensibilidade. Estamos dessensibilizados.
E essa dessensibilização leva-nos a buscar a bebedeira da revolução e auto-destruição, ao invés da paz da reforma e evolução.
Andamos à procura de ter uma vida interessante.
E estamos a encontrá-la.